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Iginio Tansini e o seu retalho.

Iginio Tansini nasceu em Milão em 1885. Foi professor de Clínica Cirúrgica na Universidade de Pávia ( 1903-1931), também na Itália.


Em 1896 idealizou um retalho para cobrir o defeito criado pela amputação da mama, cirurgia então realizada para o tratamento do câncer da mama e que era preconizava por ele e pelo o americano Halsted.


Na concepção de Tansini, o retalho deveria ser extenso, resistente e longe da área da amputação da mama. O retalho foi concebido e desenhado na região lateral do tórax e no dorso.(figura)


No inicio, Tansini não obteve sucesso com o procedimento pela frequente necrose do terço distal do retalho . Dedicou-se então ao estudo anatômico da região, principalmente no seu período com professor na Universidade de Palermo, por cerca de 10 anos. Suas observações mostraram que, se no retalho fosse incluída grande parte do músculo subjacente, o latíssimo do dorso, haveria reforço da vascularização da pele pelas artérias perfurantes do músculo.


Segundo suas descrições atribuiu a principal vascularização do retalho à artéria circunflexa escapular. “Eu notei que a artéria subescapular se estende para dentro do meu retalho. Este ramo é chamado de circunflexa escapular (seu ramo inferior é o mais envolvido com o meu retalho”. Hoje sabe-se que a principal vascularização do retalho é pela artéria toracodorsal, originária da bifurcação da artéria paraescapular, ramo da artéria axilar.(figura)


A cirurgia compreendia a ablação da mama e a reconstrução da deformidade criada com o retalho miocutâneo do latíssimo do dorso. Era portanto, uma reconstrução imediata, que consistia, ainda segundo o próprio autor, nos seguintes tempos cirúrgicos:

1. Incisão circundando toda a mama e atingindo o oco axilar e ressecção de toda mama.


2. Exposição de toda a parede torácica anterior com a retirada dos músculos peitorais.


3. Dissecção do oco axilar e fossa infraclavicular preservando o nervo grande dorsal e vasos subescapulares para irrigar o retalho.


4. Preparo do retalho do latíssimo do dorso constituído por 2 planos: pele e subcutâneo e parte máxima do músculo LD.


5. Transposição do retalho para a ferida mamária. Sua publicação de 1906: “ Sopra il mio nuovo processo de amputazione dela mamella.” tornou-se extremamente popular em toda a Europa. (1906-1920/1930)


Em 1920 Halsted (cirurgião americano) advogava, como Tansini, o tratamento do câncer da mama, pela amputação alargada da mama, do músculo peitoral e gânglios linfáticos axilares.


Mas Halsted era contrário à cobertura do defeito, achando que ele deveria cicatrizar por epitelização. Em 1929 ele visita os principais centros de cirurgia da Europa. Ele aconselha a terem cuidado com a utilização da cirurgia plástica no câncer de mama, enfatizando que o uso de retalho do latíssimo do dorso nesta cirurgia era desnecessário e mesmo prejudicial.


Lembrando-se que naquela época os recursos anestésicos e as transfusões eram rudimentares. A partir de então, a cirurgia de Tansini sofre descredito e util passa a não ser mais utilizada. (circa 1930)


Somente, muito mais tarde, na segunda metade do século XX (década de 1970) é que o procedimento voltaria a ser popularizado e desta vez definitivamente. Hoje o retalho do músculo latíssimo do dorso de Tansini é considerado o padrão ouro no tratamento das sequelas da mastectomia.


Como quase todo o pesquisador, Tansini não viveu para apreciar o sucesso do seu retalho. Faleceu em 1943.





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